Alegria no Céu – Dor na Terra

Alegria no céu, dor na terra

Salmos 89:48

“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”

A perda de um ente querido, produz no coração uma dor profunda. Em todos esses anos de ministério, perdi as contas das pessoas que participei de forma direta, através de oficios fúnebre, acompanhando o sofrimento de famílias e familiares, no momento em que pessoas queridas partem . Sempre fiz uso da Palavra de Deus para consolá-las, ficando na maioria das vezes profundamente tocado pelo sentimento e dor que impera nos corações dos que enterram seus queridos. Mas, a experiência no sepultamento de minha amada esposa, a guerreira. Apesar de entender os desígnios de Deus, causou-me uma experiência nunca antes vivida.

É como se fosse arrancado parte de minha própria carne, como de fato é:” (Gn 2.24).

“Que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma do poder do mundo invisível? (Selá)”.

Eclesiastes 8:8Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para reter o espírito; nem tem poder sobre o dia da morte; nem há armas nessa peleja; nem tampouco a impiedade livrará aos ímpios”.
 
Passei por uma prova tão grande que, cheguei a pensar que a minha morte, parecia ser o maior consolo. Desejei estar com a minha esposa naquele instante, cheguei a pedir a Deus pra me levar também. O negativismo ocupou em dado momento, e de forma crucial, os meus pensamentos, em razão de meu grande amor por ela.

Mas, para reverter o quadro, tive também que pensar nas pessoas que eu amo, e que ficaram aqui, contar com a ajuda de familiares e amigos; um abraço, uma palavra, um gesto de amor faz bem para o coração num momento como esse. E foi o que encontrei através de pessoas escolhidas por Deus para estar ao meu lado, quando mais precisei.

Outro dado importante, é que, comecei a investigar sobre tudo, que se relaciona as promessas de Deus através de estudos e mensagens bíblicas, que trata de temas alusivos a morte, arrebatamento, paraíso, e salvação. Tive interesse em saber:

1- para onde ela foi

2- com quem ela está

3- o que está fazendo

4- e como ela está.

Isso, me trouxe consolo, e depois de minuciosa análise conclui que, estava sendo egoísta. Compreendi que, tem muita gente boa com ela. Apóstolos, discípulos, autoridades eclesiásticas, estadistas, doutores, e gente sem nenhuma formação secular ou vocação ministerial. Nunca li tanto, e fiz tanta pesquisa na internet sobre a vida daqueles que partem em Cristo, como tenho feito desde a morte de minha esposa.

Pode parecer crueldade, mas não é, cada um deve interpretar á sua maneira. Mas, é que, de lá pra cá, tenho glorificado a Deus sempre que algum servo ou serva de Cristo morre, quando parte para a glória celestial. Isso de certa maneira me consola. A morte, para os salvos, não é o fim da vida, mas um novo começo. Neste caso, ela não é um terror, mas um meio de transição para uma vida mais plena. Para o salvo, morrer é ser liberto das aflições deste mundo – “E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento” (2 Co 4.17) e do corpo terreno, para ser revestido da vida e glória celestiais:

“De fato, nós sabemos que, quando for destruída esta habitação em que vivemos, que é o nosso corpo aqui na terra, Deus nos dará, para morarmos nela, uma casa no céu. Essa casa não foi feita por mãos humanas; foi Deus quem a fez, e ela durará para sempre” (2 Co 5.1).

É notório que, nesses últimos dias, Deus tem recolhido muitos de Seus amados. Num noticiário acerca da morte de quatro líderes cristãos influentes, alguém chegou até a comentar que, a morte de alguns santos do Senhor de forma acrescida atualmente, pode ser um sinal de Deus para a igreja aqui nesse mundo. É coisa para se pensar!

Rasguei meu coração perante Deus numa declaração ímpar, de meus sentimentos para com a minha leal companheira. Mostrei, como se Ele não soubesse, o quanto a amava, e o quanto eramos feliz. E os planos que fazíamos de estar juntos até a velhice, e que não concordava com o fato D’Êle a ter tirado de mim.

Não é possível, dizia eu. Como levá-la, se eu a amo tanto. Foi então que, no meu íntimo compreendi que estava falando com alguém que entende tudo sobre amor. E se eu a amava, imagina o que Ele também sentia e sente por ela. Venceu o amor maior, não foi uma perda para um outro homem, mas para o Criador de tudo. Não senti-me derrotado, e sim, conformado ao saber que ela estava em maior segurança, e muito mais realizada e feliz. Desejei então, estar em seu lugar, ao vê-la na companhia d’Aquele que tem poder sobre a vida e a morte, e que cuida com zelo dos seus escolhidos.

Agora, é o tempo para se pensar, o porquê de ter ficado, enquanto ela partira. Algum propósito Ele tem com tudo isso, e qual o aprendizado que se obtém numa situação dessa. Muito ainda se pode fazer, e num tempo menor, que anteriormente. Se ela partiu, é sinal que a minha hora vai chegar no tempo determinado por Deus. Mas, preciso me apressar, não sei quanto tempo terei, e o melhor mesmo é arregaçar as mangas, por a mão no arado e seguir em frente. Não devo também, viver como se fosse morrer daqui alguns dias. Pode acontecer de nossa chamada ser breve, como pode se prolongar. Mas viver cada dia como se fosse o último, nos motiva a sermos mais tolerantes, misericordiosos, amorosos e fidedignos. A lição pode ser dura, mas o resultado sempre será benéfico para aqueles que esperam no Senhor.

A morte de quem está firmado em Cristo e a Sua Palavra, não é o fim de tudo, não se encerra a vida no instante em que o corpo é sepultado. A maior promessa está por vir, o que existe além túmulo é maior, e está distante de tudo que o homem possa imaginar, enquanto aqui na terra. Bom pra quem vai, difícil para aqueles que ficam. Ainda assim, a vida precisa continuar, não se pode viver como um vivo morto , apesar das dificuldades para se viver num mundo como o nosso; tomado pela iniqüidade, noticias ruins todos os dias e a dor pela perda de um ente querido.

Temos que, despertar -nos de nosso sono, e dar continuidade aos nossos projetos e obras, temos um Consolador que não nos desampara em momento algum. Ele se dispõe a manter-nos firmes, e na esperança de nossa rendição através da pessoa Bendita de Nosso Senhor Jesus Cristo, que deseja no tempo certo, recolher-nos para estar com Ele eternamente. Amém!

“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas”.(Apoc. 14.13).

“Vou preparar-vos lugar…E quando eu for..Voltarei e vos levarei para Mim mesmo”. (João 14:1-3)

” Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente ” (João 11.25-26).Enquanto, a pessoa esta acometida pela doença, seja em estado grave ou não. Temos a chance de lutar em favor de sua recuperação, ainda que seja a dependência de um milagre. Mas, depois que vem a óbto, nada se pode fazer. Se morreu, é resposta ao cumprimento da Vontade de Deus, no tempo determinado. É melhor pensar assim! Ninguém tem poder sobre a morte, a não ser o próprio Deus. Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma só carne” A mente divaga…, ocupando-se por toda sorte de pensamentos, desde a um entendimento acerca da Vontade plena de Deus em levá-la pra junto de Si, como também, a momentos de questionamentos que parecem intermináveis. A pessoa numa arranjada de justificativas, para tentar abrandar a dor, se coloca em situação de defesa. Momento em que, começa a sentir-se culpada, como que, tivesse poder para de alguma forma reverter o estado de morte do ente querido.. Salmos 23.4
(Texto Compilado do Livro: Deus é Fiel – Trajetória de Uma Guerreira. Autor: Nivaldo Duarte)
\"Hold Me Now\" by Kirk Franklin

Um pensamento sobre “Alegria no Céu – Dor na Terra

  1. Somente a fé, a certeza do que se espera, pode trazer consolo à perda de uma pessoa amada. Essa dor antiga foi bem expressa por nosso amado Camões:

    Alma minha gentil, que te partiste
    Tão cedo desta vida descontente,
    Repousa lá no Céu eternamente,
    E viva eu cá na terra sempre triste.

    Se lá no assento etéreo, onde subiste,
    Memória desta vida se consente,
    Não te esqueças daquele amor ardente
    Que já nos olhos meus tão puro viste.

    E se vires que pode merecer-te
    Alguma cousa a dor que me ficou
    Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

    Roga a Deus, que teus anos encurtou,
    Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
    Quão cedo de meus olhos te levou.

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